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domingo, 11 de janeiro de 2015

Saúde Pública em Brasília:um caso de emergência!

Saúde Pública no DF: um caso de emergência Apesar do pagamento dos salários atrasados, médicos reduzem escala por falta de repasse das horas-extras Jéssica Antunes jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br “Estou assumindo em tempo de guerra, e não em tempo de paz. A questão da Saúde é muito mais séria do que se pode imaginar”, disparou o secretário de Saúde do Distrito Federal, João Batista de Sousa. Ontem, ele visitou unidades de saúde do DF e destacou esforços realizados para retomar pleno serviço. O intuito é evitar greve dos trabalhadores que, mesmo com salários pagos, reduziram as escalas por falta de repasse de horas-extras e férias. Sobrou para os pacientes que, sem atendimento, tiveram de dar meia volta. De acordo com Sousa, as visitas são para verificar como anda o atendimento à população. Chegou, ainda na madrugada, ao Hospital Regional de Brazlândia, onde encontrou “a equipe motivada, mas com algumas áreas de redução no atendimento”, o que ocorre em diversas unidades de saúde “em virtude da falta de pagamento das horas-extras”. Na regional da Asa Norte, mais de 20 pessoas aguardavam atendimento pela manhã. Apesar de a escala não ter sido disponibilizada e do plantão administrativo se recusar a conversar com a reportagem do JBr., pacientes revelaram que apenas um médico estava trabalhando. A balconista Priscila Pereira, 29 anos, exibia a pulseira amarela – indicativo de urgência no atendimento. “Mas ninguém é chamado há horas”, revelou. Ela se disse obrigada a sair do Gama, onde mora, em busca de uma explicação para o inchaço espalhado pelo corpo: “Aqui, pelo menos, tem um médico. Lá, não há nenhum”, lamenta. Sem saída A situação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante era ainda mais complicada. Com apenas um médico no plantão, as cadeiras de espera ficaram vazias. A telefonista Maria Helena, 41, esteve no local procurando por socorro para o esposo, que sofria com uma crise renal. No balcão, ouviu que não havia garantia de que fossem recebidos. “Não sabemos para onde ir. Faltam médicos em todos os lugares”, lamentou. Uma representante do plantão administrativo, que não quis se identificar, assumiu que apenas casos de extrema urgência têm sido atendidos. “O médico trabalha por 18 horas porque não há substituto. Ninguém quer fazer hora-extra e isso prejudica a escala”, revelou. Para o secretário, a complicada situação em que se encontra a saúde no DF não é surpresa. ”Já sabíamos que não estava boa”, admitiu, analisando que questões de atraso até podem ter acontecido anteriormente, mas falta de pagamento é algo inédito “e gera insatisfação aos servidores”. Caldeiras causam novo transtorno Na visita ao Hospital Regional de Taguatinga, o secretário de Saúde, João Batista de Sousa, esteve acompanhado de uma equipe de engenheiros. Na noite da última sexta, um novo problema com as caldeiras acabou esvaziando a emergência da unidade. De acordo com os bombeiros, houve superaquecimento e vazamento de vapor d´água, o que gerou danos no piso do pronto-socorro. Por causa do ocorrido, uma área de oito leitos precisou ser isolada, afetando aproximadamente 20 pacientes. “Alguns tiveram de ir para a enfermaria, onde há leitos, para serem internados”, contou Souza. De acordo com a pasta, ontem mesmo, o foco do problema que gerou o vazamento foi identificado e já começou a ser solucionado. Após a conclusão do reparo, a ala deve ser liberada. Na última quinta-feira, o problema foi na UTI Neonatal: um vazamento em uma tubulação de cobre. Os reparos também já foram iniciados na ala. “Temos que conviver com a dor” A calmaria no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), ontem, era de chamar a atenção. Apesar de a informação oficial dar conta de que havia pelo menos quatro médicos no plantão da unidade, pacientes iam embora frustrados com a falta de atendimento. “Está vazio porque os pacientes saem quando eles dizem que não há médicos”, relatou a artesã Lucélia de Moraes, 50. Aparição Segundo ela, ortopedistas “surgiram” no atendimento depois que o JBr. chegou ao local. “Quando entrei, fui informada que não havia nenhum (médico) atendendo. Depois me chamaram de volta, e dois apareceram. É mentira”, denunciou. Para Lucélia, “a população está pagando o pato por toda essa situação do governo”. No Hospital Regional de Ceilândia (HRC), o autônomo Marco Alves da Silva, 45, reclamou: “Fiquei mais de seis horas esperando atendimento”. Ele teve a mão fraturada em uma tentativa de assalto. Como ele, havia mais de 15 esperando. Apenas um clínico fazia o atendimento à população – o normal seria ter pelo menos dois. “Os atendentes não justificam nada. Temos que conviver com a dor”. Contratos em revisão Com o fim da primeira semana de gestão, o secretário João Batista de Sousa diz que trabalha monitorando o que ocorre na rede, mas já adianta que os contratos de prestação de serviço estão em processo de levantamento e revisão. “Iniciamos uma conversa de negociação com credores porque não vamos pagar agora. A gente nota que eles têm essa responsabilidade social. Não são contratos simples, eles estão prestando serviço para a população”, afirmou. Negociações A proposta é que o governo passe a fazer pagamentos regulares: “Reconhecemos que devemos, mas não há para pagar imediatamente. Vamos fazer um cronograma e vou propor redução em contratos. Isso já está sendo avaliado”. Ontem, os servidores da Saúde receberam os salários relativos ao mês de dezembro. “Não saiu no quinto dia útil, mas saiu com atraso mínimo”, avaliou o secretário. Apesar de confirmar a transação, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindsaúde) ainda cobra o pagamento de outras parcelas que seguem atrasadas, como o abono salarial para quem sai de férias este mês. Assim, a categoria permanece de braços cruzados pelo menos até amanhã – apenas serviços básicos são mantidos. Amanhã deve acontecer uma reunião da Mesa de Negociação Permanente do SUS-DF. Participarão representantes dos servidores e o subsecretário de Gestão Estratégica e Participativa, Tiago Coelho. Em seguida, Sousa se encontrará com representantes do sindicato. Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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